quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Educação Proibída

Para todos alunos, ex-alunos, professores e pessoas.

Filme:A Educação Proibída.

Volta ao mundo em 12 escolas!

Projeto que precisa do financiamento de todos nós feito pelo site Catarse. Um projeto que pretende visitar escolas alternativas ao redor do mundo e fazer um livro apartir disso.
Ajudem se puderem ou compartilhem. Eles têm 9 dias para conseguir a sua meta ou vão perder todo o dinheiro.
http://catarse.me/pt/livro-volta-ao-mundo-em-12-escolas
Valeu, pessoal!
Educação é o mudar do mundo!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MULHER

Griff Maças Podres 
São muitas e únicas. São loiras, morenas, brancas, negras, lésbicas, bissexuais, engenheiras, filósofas, costureiras, caminhoneiras... Mas há entre todas elas uma fumaça densa que penetra pelos poros de todas e todos. A fumaça tem nome ciêntifico de machismo. São como muitas outras grandes nuvens criadas por ideias mirabolantes que os homens martelam por anos e anos, e mesmo um dia acordando e parando de martelá-las, elas continuam corroendo, como cânceres sociais.
No caso, o machismo é a ideia de que os homens são superiores às mulheres. Antes, a menina nascia como sendo posse do pai e morria sendo posse do marido. O fato é que, mesmo a resistência feminina sempre existindo e mesmo exaltando-se com o movimento feminista dos anos 60 e 70, quando se conquistou direitos como o voto, o divórcio, à proporiedade, o acesso a contraceptivos e cuidados com a gravidez, incluindo pré-natal e lincença-maternidade; ainda hoje, essa prática está em voga: no pensamento, na fala, na brincadeira e, principalmente, na prática.
Será mesmo? Se não, então responda-me porque, as meninas têm de lutar com muito mais garra e paciência a sua liberdade muito mais tardia do que os meninos? Porque no Brasil uma mulher é agredida a cada cinco minutos e em 70% dos casos foram praticadas por namorados, maridos ou ex-maridos? Porque as mulheres têm um salário menor do que os dos homens para um mesmo cargo? Porque 6,8 milhões de mulheres já foram espancadas pelo menos uma vez? Porque entre 84 países, o Brasil está em 7° lugar em assassinatos de mulhers? Porque o medo de toda mulher ao sair na rua não é de ser assaltada, mas sim, estuprada? Para tudo, uma única resposta: o machismo está presente no nosso mundo.
O cotidiano é repleto de exemplos que reforçam essa ideia, reproduzida pela mídia e por muitos de nós. Fazendo-se sentido por todas as mulheres diretamete ou indiretamente. Atitudes que parecem banais, mas reafirmam essa mentalidade. Tal como quando o seu companheiro quer controlar a roupa que usa ou o salto "para não ficar mais alta que ele" ou se te força a transar, de ir em algum lugar, de sair com alguém. Se não quer que trabalhe ou sente vergonha por ganhar mais que ele ou se acha que o serviço doméstico é dever da mulher. E se vocês adoram as músicas (que são muitas) que tratam da mulher como um objeto, sem opnião própria? Ese adoram um cerveja com uma mulher "gostosa"? Claro, porque assim "desce redonda", não é? Ah! E quando vão ver exposições de carros e cada carro tem a sua mulher do lado! Ou quando ficam rindo de piadas que transformam o humor em preconceitos, tipo "lugar de mulher é no fogão!". hahaha Como é engraçado! Mais ainda é quando, nas delegacias ouvimos as mil histórias de mulheres com os rostos e os corpos deformados, porque o marido estava bravo ou bêbado e bateu nela ou quando daquele assédio na rua, passou para um estupro... Isso quando elas vão pra delegacia! Porque mais legal ainda é ver a sua mãe apanhando e depois com medo de denunciar.
Mais legal é ver sua filha morta pelo namorado. Muito legal, não é? Não. Isso não é exagero, isso é algo sério que afeta mais de 6,8 Milhões de mulheres. E ainda há pessoas com a coragem de colocar a culpa na própria oprimida!
Isto tudo é um absurdo. É desumano, insensível e irracional. É necessário que mudemos (todAs e todOs) de atitude. Pense que cada vez que aceita, propaga ou coopera com atitudes machistas, você está colaborando com cada um desses crimes que humilham, traumatizam e matam em todo o Brasil e no mundo (na África do Sul uma menina tem mais chances de ser estuprada do que aprender a ler). É necessário que mudemos. Cada um de nós. Com respeito e resitência. Lembre-se! Feminismo não é o contrário de machismo.
 Malcolm Evans Cartoon
Feminismo é a luta pela igualdade entre homens e mulheres. E somente com a igualdade é que a Humanidade terá espaço.
Montagem de Eugênio

MULHER

 
 
 
3° Edição:


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O sistema de cotas raciais

Por: Gerson Alves de Souza - 1º Sargento do Exército Brasileiro.

A desembocadura de águas imiscíveis

Qualquer pessoa mediana sabe que a solução do problema da desigualdade social brasileira passa necessariamente pelo investimento na melhoria da educação básica e fundamental da rede pública de ensino. O que pouca gente sabe é que esta solução tende a nunca acontecer, pois, assim como as águas dos rios Negro e Solimões não se misturam, apesar de caminharem juntas, em decorrência das diferentes temperatura e velocidade, de uma e de outra, assim também caminha a ganância capitalista e as demandas sociais, lado a lado, com nítidos pesos políticos diferenciados, para uma e outras, com reflexo preocupante, para não dizer desastroso, no grande rio barrento da sociedade brasileira.

De há muito que se ouve falar na necessidade de pesado investimento na educação brasileira, só que o poder público nunca adota esta medida, porque, segundo reza a cartilha capitalista, na escassez de recursos, deve-se socorrer primeiramente a economia (leiam-se bancos e o grande capital), preterindo-se, sempre, o favorecimento das camadas inferiores da sociedade.

O sistema de cotas adotado por diversas universidades públicas brasileiras, como forma de amenizar a situação dos alunos secundaristas oriundos de escolas públicas em geral, e dos negros em particular, tem sido a única alternativa capaz de atenuar os efeitos dessa injusta e vergonhosa desigualdade educacional e social reinante secularmente no Brasil, fruto do desleixo político do Estado brasileiro, desde a proclamação da República. Apesar de tão nobre, essa iniciativa acadêmica tem sido sistematicamente difamada na mídia elitista nacional, como tem que se esperar que seja, qualquer benefício feito ao povo.

Afora a chuva de ações judiciais impetradas contra tal medida, na sua maioria infrutíferas, parte da elite brasileira não se cansa de bombardear esse sistema, que está em vias de se tornar lei federal, alardeando continuamente, na grande mídia, diversas alegações contrárias às cotas, julgando-as injustas e, principalmente, separatistas, tentando demonstrar, num malabarismo argumentativo risível e caótico, que o princípio constitucional republicano da igualdade será afetado. Temem, também, que o acesso à universidade pelas cotas raciais rebaixará a qualidade dos cursos acadêmicos, haja vista o despreparo dos alunos beneficiados. Há ainda outros argumentos, menos valiosos de tão sofríveis, de que se valem para tentar derrubar o projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional, como, por exemplo, o de que não há racismo no Brasil.

Cabe, aqui, destacar dois pontos: primeiro, que ninguém está mais apto a exigir igualdade de direitos no Brasil do que a população afro-descendente, que, por mais de três séculos proveu e sustentou, com suor e sangue, as riquezas do país, e que, quando obteve sua migalha de liberdade, foi abandonada à própria sorte, sendo preterida em favor dos imigrantes europeus, como que num último golpe de misericórdia; segundo, que vestibular nenhum mede a capacidade de alguém em frequentar um curso superior, apenas define quem entra ou não, em função das vagas oferecidas. Isso se verifica em razão das circunstâncias especiais que o envolve, capazes de provocar o nervosismo juvenil, que afeta o desempenho dos candidatos no momento do exame.

Além disso, não é o aluno que faz a escola, mas o contrário. Isto vale também para a estrutura acadêmica. Nem todos os alunos da afamada USP são excepcionais, há medíocres também, assim como há uns e outros em todas as universidades do país. Portanto, o ingresso por meio das cotas não diminui em nada a qualidade dos cursos universitários. Para quem gosta, há estudos sérios demonstrando estatisticamente o desempenho igualitário entre cotistas e não-cotistas.
Mas por que ser a favor das cotas raciais, e não, sociais? Porque a dívida histórica do Brasil para com os negros, que todos a admitem, é uma tremenda e secular Injustiça (com "I" maiúsculo), que, por si só, já justifica o tal sistema de cotas. Além do mais, fica meio complicado separar negro de pobre. Contudo, só quem é negro (e há negrômetros, sim, a polícia e seguranças de shopping center que o digam) sabe o quanto dói a chibata da discriminação, talvez mais do que o chicote do capataz. Não sei se felizmente ou infelizmente, mas o racismo no Brasil só é exposto quando há uma afronta inesperada do negro contra um branco. É quando o cartão da madame não passa na maquininha de crédito, ou é quando uma empregada doméstica embarca desavisadamente no elevador social, ou ainda quando há um negro sentado na poltrona ao lado no avião. Aí, saem os insultos guardados no mais recôndito da alma: negrinha, crioula, pixaim, cabelo de bombril, etc, sem contar as famosas e famigeradas piadinhas/anedotas sobre negro, memorizadas aos montes pelos humoristas. É de um sofrimento só.

Por tudo isso, as cotas são extremamente necessárias a uma mudança de paradigma social, com reflexo positivo na auto-estima dos descendentes da raça. Mas, para que isso ocorra, precisamos urgentemente (não dá para esperar mais) de que haja mais personalidades negras, mais juízes negros, mais delegados negros, mais médicos negros, mais generais negros, mais governadores negros, mais prefeitos negros, mais congressistas negros, mais professores negros, mais empresários negros, mais industriais negros, mais engenheiros negros, mais cientistas negros, mais artistas de TV negros, mais modelos negros, mais comerciais de TV negros, mais jornalistas negros...E menos jogadores de futebol negros, menos policiais negros, menos bandidos negros, menos empregadas domésticas negras, menos mendigos negros, menos traficantes negros, menos prostitutas negras, menos miseráveis negros, menos trabalhadores braçais negros, menos garis negros, menos meninos de rua negros, menos analfabetos negros e mais paz social pra todos.

E assim, o Brasil possa desembocar num rio multicor de águas límpidas.
 
Publicação: www.paralerepensar.com.br 27/05/2008

Mude!

 
Nada é impossível de mudar
Bertold Brecht
 
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."

Cotas raciais

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/reacoes-as-cotas-subestimam-o-racismo/#todos-comentarios
 
Foto: Agência USP

Texto de Matheus Pichonelli

"Não que o sujeito a se posicionar contra as cotas seja necessariamente racista. Mas é fato que o racista será contra quaisquer formas de inclusão e pluralidade. Para ele o preconceito simplesmente não existe, e só não estuda ou trabalha qu...
em é vagabundo. (...)
Existem várias portas de saída para a pobreza. Nem todas estão imunes a boicotes: quem precisa de um financiamento, por exemplo, precisa ter a sorte de encontrar um gerente que vá com a sua cara. E é desnecessário lembrar que o Brasil não vai com a cara de negros – basta ver nas filas para adoção de bebês qual o perfil buscado pelos futuros papais. (...)
O simples lance (o hipotético pedido de empréstimo ou de emprego) pode ser determinante garantir recursos para estudos, livros, cursos de língua, transporte e moradia (porque estudo dos filhos não se faz só com a matrícula). Ninguém chega à escola nem à universidade por simples vontade: há uma série de complicadores, como vergonha e perseguições, a pesar para uns e não para outros. Ninguém fica minimamente à vontade num lugar onde é chamado de “macaco” de tempos em tempos por colegas, vizinhos, professores, diretores, seguranças. (...) A herança escravocrata é uma ferida aberta num país em que brancos e negros cometem os mesmos crimes, mas só uns são maioria nas prisões, e outros, maioria nas universidades. Muitos ficaram pelo caminho, e não foi por falta de esforço nem talento.""

Coincidência nos incêndios das favelas?


Vejam! Essa matéria fala dobre as tantas favelas que estão sendo incendiadas. Isso não pode ser normal!
 
 
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/2012/09/mapa-revela-coincidencia-entre-favelas-incendiadas-e-operacoes-urbanas-de-sp

"Ao todo foram georreferenciados 89 dos 103 endereços de incêndios em favelas que constam no documento entregue pela Defesa Civil para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Incêndios em Favelas da Câmara Municipal. (...) 'Eu estranh...
o essa coincidência. Nós nos perguntamos por que ocorrem mais incêndios em áreas mais valorizadas e menos na periferia, sendo que as favelas da periferia são muito maiores? Será que as das áreas valorizadas têm mais risco de incêndio? Eu não vejo essa correlação”, afirma a diretora executiva do Movimento Defenda São Paulo, Lucila Lacreta.'"
 

Jardim Panorama

Folha de São Paulo - 16/10/2012

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/72265-empreiteira-de-luxo-paga-para-morador-deixar-favela-vizinha.shtml

"A JHSF é dona dos empreendimentos mais estrelados da zona sul de São Paulo, como o shopping Cidade Jardim, com suas luxuosas torres residenciais, além das três de escritórios, comercializadas a R$ 15 milhões o andar de 560 metros quadrados. A JHSF está comprando barracos de uma favela vizinha.(...)

Calcula-se que as casas de 120 famílias estejam na mira dos compradores da JHSF. Inclusive as que ocupam área da rua, da praça municipal e da viela para escoamento de águas pluviais -todas coalhadas de barracos que ficam a poucos metros das torres de escritórios (os varais de roupas, as crianças andando de carrinho de rolimã e subindo nas árvores, os cachos de banana estão ao alcance da visão dos executivos). (...)

Por cima das casas localizadas na rua Francisco Rebolo, veem-se barracos recém-construídos. Moradores dizem que eles apareceram há uma semana. "Teve muito incêndio de favela na cidade. Tem muita gente precisando de casa e aqui ainda tem espaço", afirma Domingos, 68, há 55 anos morador do local.
Como impedir a reconstrução das casas derrubadas e a chegada de mais pobres ao terreno? O executivo da JHSF é lacônico: para isso existem muros, cercas e seguranças."
Colaborou Lalo de Almeida.

A Gente Se Acostuma

 
Belo texto de Marina Colasanti. Narrado por Abujamra.
Obrigada pela dica, Helô!
"A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração."

Documento Direito a Memória e a Verdade.

http://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/memoria/memoria.pdf

É muito importante compartilharmos documentos como esses que não nos deixam esquecer dos acontecimentos da ditadura aqui no Brasil. Até para nos informarmos mais sobre a Comissão da Verdade, um passo importante que estamos dando!
Até!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Participem do Chama!

Mandem suas obras de artes magníficas!
Textos, imagens, vídeos, desenhos, músicas, qualquer coisa! Mas participem para construirmos juntos este projeto!

Chama: Cada pessoa é uma Chama. Quando Chamamos ela cá de dentro, podemos, juntos, formar uma fogueira grandiosa que move barreiras.

2° Edição

"Só podíamos compreender uma educação que fizesse do homem um ser cada vez mais consciente de sua transitividade." - Paulo Freire
Por qual razão existe o médico? Ora, que pergunta! Para cuidar das pessoas quando doentes. Sim, exatamente. Mas imagine se eles não existissem e nós, simplesmente, nos conformássemos com o nosso mal estar, doença ou dor?
Iríamos morrer. Pois bem, e quem é o médico do mundo? Porque ele não está morto, certo? Sim, ele está vivo. Os médicos do mundo são... Todos os que lutam para melhorar, transformar e vão contra a dor, o problema, a ferida do mundo?
E você é médico ou conformado?
Precisamos ser médicos. Pessoas que não são médicos do mundo são como flores sem cor.
E este exercício de cidadania deve começar com o mais próximo de nós.
Por exemplo: um dia, um senhor quis construir uma escola, ótimo feito. O mundo seria bem melhor se mais pessoas construíssem mais escolas. Porém, não basta construir, tem de saber o que está sendo feito. Pois educação serve para libertar ou manipular.
Visando uma escola cada vez mais humana que deve libertar as pessoas; apontaria alguns problemas que, como estudante, consigo ver e que gostaria de mudar.
Uma sugestão de pauta é o período integral obrigatório por dois dias da semana. É compreensível que precisamos dessas horas para conseguirmos ter aulas de todas as matérias (mesmo que as matérias não sejam proporcionais em nossa grade). Porém esses dias acabam fazendo com que nós não consigamos fazer mais de um curso extracurricular por semana, pois terça e quinta temos disponibilidade para fazer um, mas de resto, nada a mais. Atividades, estas, que são do nosso interesse e que por isso são tão importantes no desenvolvimento, quanto a própria escola. Afinal, "A escola humana ajuda a valorizar talentos, a aperfeiçoar dons, a descobrir competências, a formar hábitos e atitudes que identifiquem o homem em harmonia com os outros e com o mundo.". Isso também vem com a disponibilidade do tempo. Além disso, as aulas de tarde são extremamente cansativas para alunos e professores; rendemos pouco.
Uma alternativa seria manter no máximo um dia obrigatório do P.I. e distribuir as 4h40min do outro dia em toda a semana, assim, o horário de saída seria as 13:15.
Claro, essa sugestão não deve ser vista como única alternativa, mas para servir como debate, pois a escola tem que exigir dos seus alunos algo muito importante, a crítica, o debate e o pensamento coletivo. Se não tivermos isso aqui dentro, como vamos querer uma sociedade mais consciente?
Paulo Freire já dizia "À nossa cultura fixada na palavra corresponde a nossa inexperiência do diálogo, da investigação, da pesquisa, que, por sua vez, está intimamente ligada à criticidade, nota fundamental da mentalidade democrática. (...) De uma postura que levasse o homem a uma nova postura diante dos problemas de seu tempo e de seu espaço. A intimidade com eles. A da pesquisa em vez da mera, perigosa e enfadonha repetição de trechos e de afirmações desconectadas das suas condições mesmas de vida. A educação do 'eu me maravilho' e não apenas do 'eu fabrico'. Entre nós, a educação teria de ser, acima de tudo, uma tentativa constante de mudança de atitude".


Panfleto - 2° Edição
 
Outro dia peguei um ônibus qualquer. Desses entre muitos que andam pela cidade. Porém este tinha algo de diferente.
Ele tinha um catraca Bem emperrada. Vocês pensariam que isto é uma reclamação ou uma crítica.... Não, não é o caso.
Por conta desta catraca velha, havia uma senhora bem no fundo do ônibus que ficava observando a reação de cada passageiro ao passar na catraca (a cara de surpresa pelo obstáculo encontrado que exigia tamanha força para conseguir passar).
E com cada um dos passageiros esta senhora desatava a rir. Eram risadas espontâneas que faziam todos os olhares do ônibus voltarem-se para ela e no mesmo instante a alegria contagiava e  todos riam, inclusive o próprio protagonista da cena...
Todos deixaram de ter aquele semblante cansado ou sério de todos os dias e pareciam bons amigos. Foi um ônibus mais feliz. O problema tornou-se magia. 
Quem sabe se houvesse mais catracas emperradas por aí as pessoas fossem mais alegres e o cotidiano mais leve!? Viva as catracas velhas!
Um dos poderes da poesia é achar no desprezível uma beleza imensa!


(Liniers - Macanudo)

segunda-feira, 5 de março de 2012

L E R A V I D A


 
Outro dia passeando pela internet uma mocinha postou este vídeo e eu realmente achei ele uma peça rara, pois retrata com tanta beleza a literatura.
A literatura que exite nos livros, mas principalmente, as que ganham vida, que são lidas.
Ler é ato de humanidade, nós nos transformamos ao ler, porque um livro pode ser tudo, a conversa com a maturidade de um adulto ou a fantasia de uma criança, os conselhos de um velho. Na compania de um livros estamos nesse constante diálogo, que mais que tudo nos fazem em outros ao decorrer do labirinto das suas linhas. Apresentam o que nunca fora visto por nossos olhos, dizem o que nunca nos fora dito aos nossos ouvidos, apresentam caminhos que, as vezes, nos fazem nos encontrar ou nos perder, eles nos usam! Apanham nos pela mão chacoalham andam correm viram nos de ponto cabeça e do avesso brigam gritam acalmam acolhem e melhoram.
O livro, a escrita, as falas, as sílabas, as letras, não são meros signos, são significados, complexos e perplexos por tanta intensidade. Por tanto, rumo a se embaralhar no meio deles. Eles complementam a Humanidade do nosso ser, se não forem parte mesmo de nós. E toda a poesia que as ideias dão ao mundo. À vida.
Depois dela, faça teu próprio "livro", não é mesmo?
Essa música é carregada de poesia, uma carga profunda e intensa, na qual me encanta e acho que tem uma voz que é a mesma desse espaço no mundo do nada que estou escrevendo... Bela música.



Luzes, Arnaldo Antunes

Acendo a lâmpada às seis horas da tarde
Acenda a luz dos lampiões
Inflame a chama dos salões
Fogos de línguas de dragões
Vagalumes
Numa nuvem de poeira de neon
Tudo claro
Tudo claro à noite, assim que é bom
A luz
Acesa na janela lá de casa
O fogo
O foco lá no beco e um farol

Essa noite
Essa noite vai ter sol
Essa noite
Essa noite vai ter sol

sexta-feira, 2 de março de 2012

[Manifesto] por um Brasil literário

E quem melhor que Bartolomeu Campos de Queirós para falar sobre as maravilhas e delícias da Literatura?


"(...) Se existe o novo, é porque ele foi fantasiado anteriormente. Então nós devemos à fantasia todo o desenvolvimento do mundo. A educação não pode somente informar o que já foi feito -- a educação deve abrir portas para que o sujeito fantasie e dê corpo a essa fantasia (...)''

[Ah, para quem quiser ler o Manifesto ou saber mais sobre o movimento, é só clicar aqui ]

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

a ARTE muda!

Paulinho Moska:
"   eu não sou o cantor, eu não sou violonista, eu não sou músico, eu não sou poeta, eu não sou fotógrafo, não sou um apresentador de televisão, eu não sou um radialista; eu sou um compositor. Na medida em que compor é juntar coisas. A ideia Punk do movimento Punk era: não sei fazer, mas faço. (...)
   É uma revolução no sentido de que todos nós estamos nos tornando um pouco mais artistas (...) Eu sou um homem que olha, para tudo e para todos e tento juntar, tudo e todos, numa coisa, por acaso, dessa vez aqui é um disco duplo em que um chama Muito e o outro chama Pouco.
   Enfim, é isso que eu quero conquistar, o direito de fazer o que quiser. Metido a besta profissional. Que é exatamente o título de tudo isso que eu to te falando, é você se considerar, profissionalmente, um metido a besta. Ou seja, vou me meter a fazer o que for, o que aparecer pela frente. Ou seja, o que me encanta tem o meu canto."

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poesia ao olhar de todos!

                 Para que servem os olhos? 
    Por vezes, para enchergarmos o que não é escancarado nos nossos rostos? Na minha opinião, eles servem para mostrar a realidade, seja esta podre e ruim, para que assim, possamos corrigir ou seja esta, encantadora e poética. No segundo caso, quando indentificamos uma poesia, quase sempre singela, elas podem ter sido produzidas por atos espontâneos ou pensados. Os pensados podem ter sido executados de diversas maneiras, por qualquer coisa e pessoa, em uma "pichação", uma árvore plantada, o gesto de olhar para uma folha caída no chão, um papel empoeirado jogado na rua, a gota de água caindo do telhado e batendo drásticamente no cimento, um olhar brilhando, um sorriso dado à um desconhecido, um prédio construído que muda a ordem da cidade, uma estátua no meio da praça, o farol abrindo e as diversas Cores de pessoas atravessando, a mistura dos rostos nas ruas do centro, a música de um lugar singelo, um beijo apaixonado, um abraço acolhedor, um grito de desespero, um suspiro de raiva, o silêncio e o barulho do trânsito e por ai vai... Seria impossível falar de todas as poesias do mundo, porque no fundo, ela não existe em si mesmas, em um conceito próprio. Ela é viva. E quem dá vida à ela somos nós, está nos olhos de cada um e eu aposto que se paramos para olhar detalhadamente ao nosso redor e à nós mesmos, vendo o que há abaixo da simples superfície de qualquer coisa, podemos ver um mundo de coisas que nos encantam e nos fazem melhores, nos fazem mais humanos.
    Este é um exercício constante de estar sempre vendo poesia no mundo... É como tentar resgatar e conservar a criança que um dia fomos, aquela que era capaz de achar um rio num risco do chão e montanhas nas curvas do sofá e um outro país na varanda da casa, um campo de futebol com um torcida gigantesta de baixo do chuveiro, um futuro de gênio nas pequenas ações atingidas e são tantas outras que me esforço para lembrar... Mas agora diga-me onde está a poesia dos seus olhos?
    E o que você espera ver de poético no mundo? Mas será que o que espera, já existe? 
        
                  Ou será que é missão sua
          criar
                                               e fazer
                           e agir
                                         o que imagina
     para que com isso,
                                             torne
                                      o
                                                mundo
             ou o pequeno espaço
                                                 ao seu redor
                  um lugar
                                                      
                                   melhor
                                      ?
    O vídeo que coloco aqui é justamente sobre um grafiteiro que queria, com a sua arte, fazer uma transformação: conseguir com que a cidade de São Paulo tivesse por entre o trânsito, por entre os carroceiros, por entre o lixo, por entre as pessoas apressadas um toque de poesia, dando um encanto diferente, um olhar de admiração para o que normalmente não era olhado.
"Ele começou a ser reparado. As pessoas ao invés de buzinar para ele dizendo que ele atrapalhava o trânsito; buzina e fala: poh! Que da hora a sua carroça!'".

    Isso mostra que se imaginamos um mundo melhor, basta tentarmos por nós mesmos construir este para que de pouco em pouco, de um em um, comecemos a plantar pequenas sementes até gerar vastos jardins que tornem o mundo mais belo e com razão de existir. Pequenas pitadas de mudança com o amor, poesia e humanidade.

    Por favor, se você que leu esse post tem algum relato de algo poético que viu no seu cotidiano que te encantou, escreva para o blog. E também se além disso você tem uma ideia para mudar algo ao seu redor nos conte! Afinal, para que servem os olhos?

Obrigada!
Júlia Audujas Pereira

Poder Humano

Marginal Tiête... As vezes o mundo parece feio, triste, destruido por nós mesmos, tal como quando vemos um rio poluido. Mas as vezes o mundo transforma-se em vida e poesia, feito por pequenas ações que colocamos em prática, essas, são nada mais, nada menos que Humanas. É o nosso poder de destruir e construir, acabar e encantar, odiar e amar, encher os olhos de tristeza e de alegria, algo que vem de um grito interior bem lá de dentro, lá dos Seres Humanos...